sábado, 26 de julho de 2014

A Nau e o Rumo





Como mar revolto quis debater-me
nas pedras da minha fortaleza
ilhado e só.
Como nau destrambelhada
quis afastar-me.

Como capitão lúcido percebi
não exausto, mas vulnerável
Desaguei em você, oceânica.

terça-feira, 18 de março de 2014

Canção para a Mulher que Há de Vir (Redesenhando o Masculino)






Canção para a Mulher que Há de Vir
(Redesenhando o Masculino)
Para 
D. A. S.
cuja vida explode em cores 

Por você
Espanarei o pó sobre o armário
Lavarei o banheiro com lavanda
                   espalharei a fragrância
                   por toda a casa
Para celebrar o cheiro de lhe acolher.

Por você
E só por você
Trocarei a roupa de cama
Com lençol floral – aquele bem colorido
Para que a alegria das cores
Expressem a alegria de lhe acolher.

Por você
Manterei a caixa de ferramentas
Sempre completa
E no varal
Trocarei as alças plásticas
                   por metálicas
Para que a memória
         das festas em q’esteve
Se estenda por mais tempo.

Por você
E só por você
Depois que a labareda do
Amor em nós crescer
Seremos fundidos num só Rosto
E assim, até que filhos cheguem
Será meu homem
Serei tua mulher.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Confidências de Guardanapo: ...Caixa de Risadas...

Confidências de Guardanapo: ...Caixa de Risadas...: Vem... Com o seu sorriso tímido, daqueles que só encurva os lábios, Ou mostre os dentes, Gargalhe, Não importa a medida d...


Pois é, Valéria
A recomendação é, sempre, deixar a(s) pessoa(s) melhor (es) do que quando a encontramos...
beijo,

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

15 dias sem blog


Olá, Pessoal

Até o próximo dia 15 estarei ausente do blog. O motivo? concurso. Até lá espero voltar com novidades e regulando as publicações a cada domingo - ou até que a inquietação se manifeste.

Abraços
PS:  caso não queira deixar comentário, envie correio pra alexandrojesussantos@gmail.com

sexta-feira, 24 de agosto de 2012






Chuva encharca o chão
lá fora;
ressequido pela solidão
sua torrente inunda-me
de emoções agora.





Ela diz:
As palavras mais apaixonantes e excitantes que já me chegaram...
Ele diz:
em pensar que quero ser chuva
refrescante
debaixo de seu vestido
sendo água fria sobre sua chama.

sábado, 11 de agosto de 2012

Canção para o Filho que não Gerei




Para amigos da infância que tornaram-se bons pais:
Zé, Pancho e Lu Mimoso,
Nei, Val e Zé Oliveira,
 Dunga Nunes e  Edvaldo Melquiades Jr.
Da adolescência Chico Araújo e Neto Nogueira.
Para  meu pai, Irênio Cavalcante, Itaru Nakanishi,
Germano Machado e Reinaldinho Pamponet. 
Dos  amigos em Cristo:  Davi & Marcos Santiago,
Reinaldo, Eugênio Sombra e Vitor Meira. 



Nem precisava
q'eu lhe conhecesse
e que nuns meses vivêssemos
homem e criança.

Nem precisava, Filho
que brincássemos de cavalinho
percorrendo toda a casa
           e que sua leveza infância
           galopasse em minhas costas
           com relinchos desengonçados
           de potrinho balbuciante

Nem precisava que você
nos “visitasse” nas madrugadas
           e nos flagrasse aos abraços
ou ainda que fosse
pra brincar de cavalinho
nos corredores da emergência.

Nem era necessário, Filho
amar tanto você a ponto
de causar essa anomalia no
meu corpo, meu ser
           : engravidar o útero-ouvido
convidando, por vezes
- vamo bincá, pai
e me deixasse como que numa
grávida-esperança
setenta vezes sete
de tornar-me pai.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Escrever para Vir a Ser


"Determinação é não dar fim ao movimento em frente. Defrontando-se com a resistência dos outros e encarando os testes internos das fraquezas, ainda não completamente curadas, o sábio pode determinar seu próprio destino escolhido. Nada nem ninguém poderá pará-lo. Força nunca é usada para dominar. Ao contrário, conversa paciente e persuasão inteligente são os instrumentos cirúrgicos da determinação ". 
Brahma Kumaris

Escreva porque você tem tendência para escrever.
E se não fizer sua natura vai se revoltar contra você,
Tô falando como psiquiatra e não como amigo.
L.G.R.M.


Hoje é um dia de segunda-feira, uma segunda-feira qualquer de um inverno agonizante com o sol lindo que fez – e que há de se vingar em agosto, pois estamos no penúltimo dia de um julho de 2012. É uma segunda-feira que seria chata, enfadonha e arrastada como qualquer outra, não fosse essa angústia que me corrói, lembrança que me dói ao trazer à tona a memória de tantos conselhos pra que escrevesse.
Desde já, vou começar pelo estranho. Estranhamente faço agradecimentos no início – porque, afinal, esse não é um texto comum e sim fruto, ou quem sabe espinho, da terapia (pra quem não sabe, há quase um ano embrenhei pela Experiência Somática (Somatic Expirience – SE, criada pelo Peter Levine). Disse fruto ou espinho, mas penso que as analogias de caminho ou encruzilhada descreva até melhor. Explico: atualmente o terapeuta é junguiano e também formado na SE, daí o cruzamento – corpo e símbolos. Os agradecimentos vão, em primeiro lugar, para Luisinho – Luis Germano Ribeiro Machado, autor da 2ª epígrafe acima. Mas também ao seu pai, Germano Machado, meu mentor, quem vivia me provocando pra que o fizesse, mas achava-me demasiado inseguro para tal. A Ricardo Soares, quem até já concebeu uma coletânea de contos pra falar das dezenas de mudanças que fiz. Vida de eremita urbano é isso aí. E ainda, pra não ser injusto, agradeço a Reinaldo Pamponet a provocação – dizia q’eu devia escrever pra botar pra fora minha inte... essa palavrinha que nem ouso dizer o nome.
No domingo antepassado Carliane Cordeiro foi quem deu a deixa, se disse emocionada com o escrito pro Dia do Amigo (embora meu amigo, inspirador, jacente nas entrelinhas nem tenha lido e/ou comentado). Levei a inquietação à terapia pensando o seguinte: deixei de escrever pra cuidar da vida prática, da sobrevivência. Não caberia ao filho de proletários divagar em textos enquanto não tivesse o que comer, beber, vestir, água, luz, impostos... Depois, veio a universidade. Mas aí... afinal, na academia não é recomendável que discentes escrevam bem. A amiga Flávia Telles o fez e levou uma bronca do professor de Metodologia Científica. Buemba, buemba!  Chama o Simão, urgente, pra ele pingar colírio alucinógeno nas teclas e enlouquecer a máquina datilográfica. Assim a tecla sobe, ah, ha. Mas, então, se deixei de lado a escrita pra sobreviver e mesmo assim não tô conseguindo bem, é melhor retornar ao que sou, me virar em textos, pois, quem sabe assim sobreviva melhor? ! (Uma dedução lógica é que a gente sobrevive melhor quando trabalha com o que é abundante em nós).
Devo agradecimentos também às mulheres especiais que mais que influenciarem minha vida, foram e são, a vida inspirada em mim. Graciela, quem me cedeu espaço nas orelhas do seu Gaia Poiesis – o que foi honroso e marcante. Sarah, ápice de amor vivido, que se faz própria em palavras. A Debe que elogiava meus e-mails mas não permanecemos no mesmo meio. Luba, escritora em carne viva, que virou água e bebeu a mim. Liti por quem platonizei algumas mensagens. E a Pleta, pois escrevemos alguns insignes rascunhos, já que o amor não é acabado. Mesmo a Lili, então estudante de Letras, quem disse que não escreveria mais pra mim, porque eu escrevia bem demais (acho que as lentes dela estavam trocadas), c’est la vie. Também a Helô Costa e Leila Rocha quem me apontaram a vocação de escrever projetos. Dulce, a quem o amor se elevou como àrvore alta e os frutos não podem ser colhidos.Fernanda Parente, amiga-irmã e sócia, vive provocando que a gente rediga As personagens que Jorge não escreveu. E, por último, mas primeira, à Mamãe – que nos estimulava a escrever cartas pra participar de promoções nas emissoras de TV – a acho que nunca o fizemos. 

Ah, além da deixa de Carli, ouvir Perfil de Gonzaguinha agora à noite estimula a inspiração. Pois é, há um quê de gratidão também a Saja – em palestra na Eletrocooperativa, disse “a arte, meu amigo, tem a ver com cura”. E aqui estou, me virando em textos pra ficar curado. Embora receoso do que possa botar pra fora. Porque se de poeta, médico, filósofo e louco todos têm um pouco, digo que de profeta também. Mas não quero ir de encontro ao azar. Afinal, nesse nosso País de golpe de estado eminente – quando policiais federais são assassinados porque cumpriram o dever de investigar e indiciar criminosos, é melhor guardar a língua na boca, viver sob a (tácita) lei do silêncio.
Depois, outro obstáculo que me impunha, corroborando com a primeira epígrafe, era alegar o alto percentual de analfabetismo e não leitores nessas plagas de Adonias Filho, Jorge Amado e João Ubaldo. Afinal, essa Terra da Felicidade, mãe Medeia, parece ter inspirado os versos do Guerreiro Menino Gonzaga:
Você deve estampar sempre um ar de alegria
E dizer: tudo tem melhorado (...)
Você merece, você merece, tudo vai bem, tudo legal
Cerveja, samba e amanhã, Seu Zé , se acabarem com seu carnaval
Você merece, você merece (...)
Um diploma de bem comportado
Mas não fui nem sou. Gostaria até de ser, doeria menos. Sofreria menos. Daria menos murro em ponta de faca, bateria menos cabeça.
Pois é. E fico por aqui. Esse texto virado é só um prólogo. Daqui em diante, me virarei para vir a ser, escrevendo.
Salvador, 30.VII.2012